Dica do Café: Escritores da Liberdade

Como é bom um combo de indicação de filme + o filme ser baseado em fatos reais + filme dar um quentinho no coração. Escritores da Liberdade é um filme bem que necessário e um choque de realidade para uns sendo que funciona assim até hoje em muita parte de nosso país.

Um dos desafios presentes em nossa sociedade que dá a base do filme, é a questão de lidar com o estrangeiro. Não necessariamente alguém de outro país (mas isso também), a questão englobada é de como nos fechamos a um grupo, o protegemos e damos respeito a ele, mas somos tão hostis e preconceituosos com os de fora. Somos leais aos nossos e violentos com os estranhos.

O filme é baseado em uma história real de uma professora chamada Erin Gruwell, jovem e idealista, que chega a uma escola de um bairro pobre corrompida pela agressividade e violência. Seu desafio era de educar um grupo de estudantes do ensino médio que eram rebeldes e sem vontade de aprender. 

Além do desinteresse na escola, todos são separados em grupos e sempre com uma tensão entre os alunos. Os negros só conversam com negros, latinos com latinos, brancos com brancos, asiáticos com asiáticos e etc. Como se não bastasse fazerem parte de gangues e possuírem pouco respeito pelo sistema educacional, cada um possui uma triste e rigorosa história, envolvida de perdas, violência e danos.

Erin se mostra entusiasmada, mesmo quando a chefe de departamento e outros professores achem que ela irá fracassar e logo desistir com tudo que viria a enfrentar. No primeiro dia vemos o choque entre ela e os alunos. Com todo seu entusiasmo, tenta se conectar com seus alunos falando a língua deles e se referindo a artefatos culturais com os quais eles estão familiarizados, mas eles imediatamente a julgam como apenas mais uma pessoa branca tentando convencê-los.

Foto: Erin no Filme Freedom Writers

Ela aposta em métodos diferentes de ensino, mas nada funciona até confiscar um desenho racista na sala. Ela compara o desenho com os que os nazistas faziam de judeus na Alemanha, comparando os nazistas como uma gangue de rua protegendo os seus. Mas para sua surpresa descobre que os alunos não sabiam nada sobre o Holocausto e a perseguição sofrida pelos judeus.

Tentando outro método, ela distribui cadernos em branco para que os alunos usem como um diário, querendo que escrevam qualquer coisa de suas experiências, porém, tinham de escrever todos os dias. Para ganhar a confiança deles, diz que não serão classificados, eles irão guardar em um armário que será trancado e ela só os lerá se derem permissão. Muitos deles vêem como uma primeira oportunidade de poder compartilhar suas ideias e sentimentos com outras pessoas. Em outro dia ela faz um jogo, e no final todos descobrem que mesmo diferentes, compartilham muitos sentimentos em comum.

Ao lembrar do caso de não conhecerem o Holocausto, ela decide que leiam O Diário de Anne Frank , seguido de uma viagem ao Museu do Holocausto de Los Angeles.

 Com muitos acontecimentos ao longo do filme os alunos não vão apenas tendo confiança na professora, mas retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento e reconhecendo valores. Eles começam a lutar pela aprendizagem, e vemos que faltam cada vez menos as aulas.

Vemos Erin batalhar para conseguir tudo e seu grande compromisso em buscar oportunidades para seus alunos, ao mesmo tempo ela sofre com perdas, contratempos, outros trabalhos para financiar os passeios com os alunos, e falta de credibilidade e encorajamento.

Mas, no final, tudo isso compensa para Erin, pois os alunos encontram um terreno comum e formam uma comunidade criativa de compartilhamento. O filme dá um quentinho no coração, não apenas homenageia a professora, mas também aos alunos que mostraram como pode surgir unidade mesmo em meio à diversidades quando quebramos os muros que nos separam dos outros.

Muitos acham impossível crer na história, eu acho que apenas nunca vivenciaram isso. Eu já vivenciei, professoras que nem recebiam seus salários direito, faziam campanhas, trabalharam com sucata,entre outras coisas, para arrecadar dinheiro e não apenas manter uma escola, mas também ajudar alunos que eram esquecidos (para não falar abandonados) por outras escolas. 

Foto: Erin e os alunos na vida real. / Freedom Writers Foudation

O filme nos ajuda a reparar em muitas coisas, mas principalmente de como a educação pode mudar vidas, literalmente. Nele tem muitas coisas para serem absorvidas e necessárias de serem vistas, apenas não queria aumentar todos os spoilers.

Para quem se interessar mais, o filme é baseado no livro The Freedom Writers Diary , da Freedom Writers, com Erin Gruwell. E também foi criada a Fundação Freedom Writers, onde fornecer aos educadores ferramentas para capacitar todos os alunos a terem sucesso. Para saber mais leia Sobre a Freedom Writers Foundation.

Se joga no ar e flutua brother.

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